Recebi ontem uma mensagem de uma pessoa doente hospitalizada há vários dias: “Venha cá. Tenho coisas para lhe contar”. Lá fui. “Conte lá, Sr. N., sou todo ouvidos”, disse-lhe eu. Lentamente, com voz trémula, lá foi dizendo: “Uma destas noites estava angustiado. Vieram duas enfermeiras ao meu quarto, para os tratamentos. Pedi-lhes um copo de água e que rezassem comigo o Pai-Nosso. Elas assim o fizeram: deram-me as mãos e rezámos os três o Pai-Nosso. Elas voltaram para o serviço e eu adormeci com uma grande paz”.
Perguntei-lhe: “Porque pediu essa ajuda às enfermeiras”? Resposta da pessoa doente: “porque a oração «onde estão dois ou três reunidos em nome do Senhor» é sempre mais rica do que a minha pobre oração individual». E o doente continuou: “No dia seguinte, vieram as duas cá e pediram-me que rezasse com elas uma Ave-maria, porque iriam ter um exame difícil e acreditavam que a minha oração as poderia ajudar. E assim fizemos, rezando os três uma Ave-maria. No final do exame, as enfermeiras passaram por cá e disseram-me: «olhe, correu muito bem; estávamos muito calmas, graças à oração que fez connosco». E eu – disse o doente – respondi-lhes: «não fui eu; eu só vos pus no colo de Nossa Senhora»”.
A seguir, o doente voltou-se para mim e pediu: “Agora, Padre Gonçalo, reze comigo um bocadinho”. Na brincadeira, eu respondi: “não prefere a companhia das meninas para rezar”? E a pessoa doente respondeu-me: “agora só me falta a oração de um consagrado; o senhor padre é uma pessoa consagrada. A sua oração faz-me falta. Reze comigo por favor”. E rezámos juntos um salmo da oração de vésperas e um pai-nosso. Numa situação de grande fragilidade, veio depois a proposta da confissão com absolvição e o dom da comunhão eucarística. Foi a festa que faltava. Fiquei sereno e feliz. Que belo fim de tarde.
No final, disse-me o doente: «Olhe, isto tudo é obra de Deus; tem sido uma grande graça passar estes dias no Hospital. Se quiser, nas suas homilias ou no Facebook pode contar aos outros estas maravilhas, mas que seja tudo para a glória de Deus e sem o meu nome».
Aqui fica o testemunho, da importância da oração, da fé, da evangelização, num contexto de grande fragilidade, na cama do hospital, onde Deus também faz maravilhas.
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