Liturgia da Solenidade de Santa Maria, Mãe de Deus

O Senhor te seja favorável

Num 6, 22-27; Gal 4, 4-7; Lc 2, 16-21


1. “O Senhor te abençoe e te proteja. O Senhor faça brilhar sobre ti a sua face e te seja favorável. O Senhor volte para ti os seus olhos e te conceda a paz”. São palavras da liturgia que a Igreja coloca nos nossos lábios neste novo ano que Deus nos concede. São votos da Igreja, mãe e mestra, que conhece perfeitamente o que mais nos é preciso. O essencial é que o Senhor verdadeiramente esteja no meio de nós e guie os nossos passos, porque o resto virá por acréscimo.

2. Nasce um ano novo. Como é que ele será? Estamos a sair de um ano marcado pela pandemia do covid 19. As previsões apontam para um ano ainda muito difícil no campo da saúde, no campo económico e social. Há nuvens prenunciadoras de dias difíceis. Sobretudo para os mais desfavorecidos. Sim, há uma luz ao fundo do túnel através das vacinas, mas não tenhamos ilusões. Esta crise está para durar. Por outro lado, não se vê o fim da crise dos refugiados e o fim de tantas guerras.
Mas tenhamos esperança. Há tanta gente empenhada em vencer estas crises. Embora tudo seja inexoravelmente “devorado” pelo tempo, ficará para sempre o bem que realizarmos: todos os segundos – e são tantos – que vivermos no amor verdadeiro pelos outros fixar-se-ão na eternidade de Deus. Deus se compadeça de nós e nos dê a sua bênção para trilharmos sempre os seus caminhos e semearmos o bem nas nossas comunidades de vida.

Aconteça o que acontecer, durante este ano, que Deus faça brilhar sobre nós o seu rosto sorridente.

3. Porque é habitado pelo próprio Deus, o tempo é sagrado. A história, a minha própria história não é uma série de acontecimentos sem sentido. É o espaço que me é concedido para realizar o projeto de Deus sobre mim. É fundamental, por isso, que o rosto sorridente de Deus resplandeça sobre nós. Deus sorri sempre. Somos nós que, por vezes, esmagados pela fadiga ou pela dor, não conseguimos levantar para ele o nosso olhar. Aconteça o que acontecer, durante este ano, que Deus faça brilhar sobre nós o seu rosto sorridente.

4. Seja também um ano abençoado pela Mãe de Deus e nossa Mãe. Ela nos dirá como acolher, à luz do Evangelho, os acontecimentos de cada dia. Ela nos ensinará a sorrir mesmo na adversidade, conservando e meditando, como Ela, a Palavra de Deus no nosso coração. Violência, ódios, guerras, arrogância e injustiças são infelizmente o pão de cada dia e podem desnortear a nossa vida. Precisamos de um acréscimo de esperança para que na responsabilidade pessoal e comunitária sintamos que é possível dar a volta a tudo isto. A todos nós é confiada a missão de abrir novos caminhos de fraternidade entre pessoas e entre povos para a construção de uma única família humana.

5. É o Dia Mundial da Paz. A paz, que os anjos anunciaram aos pastores na noite de Natal é uma aspiração profunda de todas as pessoas e de todos os povos, sobretudo de quantos padecem mais duramente pela sua falta. Neste ano 202, Francisco pede-nos uma maior atenção à cultura do cuidado. “Neste tempo, em que a barca da humanidade, sacudida pela tempestade da crise, avança com dificuldade à procura dum horizonte mais calmo e sereno, o leme da dignidade da pessoa humana e a «bússola» dos princípios sociais fundamentais podem consentir-nos de navegar com um rumo seguro e comum. Como cristãos, mantemos o olhar fixo na Virgem Maria, Estrela do Mar e Mãe da Esperança. Colaboremos, todos juntos, a fim de avançar para um novo horizonte de amor e paz, de fraternidade e solidariedade, de apoio mútuo e acolhimento recíproco. Não cedamos à tentação de nos desinteressarmos dos outros, especialmente dos mais frágeis, não nos habituemos a desviar o olhar, mas empenhemo-nos cada dia concretamente por «formar uma comunidade feita de irmãos que se acolhem mutuamente e cuidam uns dos outros».

Para Si:  Liturgia do 3º Domingo do Advento – Ano B

Darci Vilarinho

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