Liturgia do Natal do Senhor – Ano B

No Natal o importante é Jesus

Is 9, 1-6; Tit 2, 11-14; Lc 2, 1-14

É Natal. “Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens por Ele amados”. É o canto dos anjos nessa noite abençoada em que o Céu baixou à terra. Abre-se o Céu e nessa liturgia celeste dá-se o primeiro anúncio de um mistério que pouco a pouco se irá revelar. Correm os pastores, primeiros missionários dessa notícia que o mundo abalou. Veem, acreditam, contemplam e adoram. Depois anunciam aos outros o que viram e acreditaram. É em miniatura a dinâmica missionária da Igreja, que anuncia o mistério divino entre os homens, portador de paz e glorificador de Deus. Não esqueçamos nunca que o Natal é a festa de Jesus, não de outras coisas que estragam a beleza deste dia.

O nosso Deus é um Deus que entra na nossa casa. Não ficou na periferia do mundo ou da história, mas entrou na realidade carnal da nossa vida. O Deus que tudo abrange, e no qual vivemos e existimos, escolheu a terra para sua morada. Essa terra que cada vez mais devemos amar e respeitar. Poderemos nós manchar ou destruir a morada de Deus no meio de nós? E se Deus amou de tal modo esta nossa humanidade que lhe deu o próprio Filho, não devemos nós amar-nos uns aos outros partilhando o que nos for concedido? Só o amor feito dádiva pode transformar o nosso planeta incutindo nas mentes e corações pensamentos e gestos de fraternidade e de paz.

O Natal deste ano 2020 terá que ser um Natal diferente. A pandemia que flagela o mundo faz deste Natal um Natal diferente, mais simples, mais sóbrio e mais cauteloso. A nossa fé diz-nos que Jesus veio assumir a nossa natureza assim como ela é: pobre, frágil, enferma, pecadora. Veio projetar uma luz especial sobre todos os acontecimentos, mesmo os mais dramáticos, como os que estamos a viver: com o seu amor, a sua luz, a sua paz. O Papa Francisco, falando das celebrações de Natal deste ano referiu-se às restrições sanitárias que nos são pedidas: “Pensemos no Natal da Virgem Maria e de São José: não foram rosas e flores. Quantas dificuldades eles tiveram. Quantas preocupações. Porém, a fé, a esperança e o amor os guiaram e mantiveram. Que seja assim para nós”, este Natal. Um verdadeiro Natal cristão, mais purificado, menos consumista, mais solidário e mais fraterno. Mais centrado no Menino, filho de Deus, mas também em Maria e José. Em Maria que soube “transformar um curral de animais na casa de Jesus, com uns pobres paninhos e uma montanha de ternura” (Papa Francisco).

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Esta simplicidade e pobreza contrasta com o frenesi de tantas pessoas, mais preocupadas com as coisas que se devem fazer nestes dias. Isso mostra que: “O consumismo sequestrou-nos o Natal. O consumismo não está na manjedoura de Belém: aí está a realidade, a pobreza, o amor. Preparemos o coração como o de Maria: livre do mal, acolhedor, pronto para receber Deus”, disse o Papa no Angelus do 4º Domingo do Advento.

“Dá-nos, ó Maria, os teus olhos para decifrar esse mistério que se esconde nos membros frágeis de Jesus. Ensina-nos a reconhecer o seu rosto nas crianças de todas as raças e culturas. Ajuda-nos a ser testemunhas credíveis da sua mensagem de paz e de amor, afim de que também os homens e as mulheres deste nosso século, ainda marcado por fortes contrastes e violências inauditas, saibam reconhecer no Menino que está nos teus braços o único Salvador do mundo, fonte inesgotável da paz verdadeira, a que aspiram profundamente os corações” (São João Paulo II). Um Santo Natal para todos os que lerem estas linhas.

Darci Vilarinho

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